Como influenciadores digitais estão mudando o entretenimento tradicional



A internet é um espaço muito pequeno para a influência digital.

Já há algum tempo, creators vêm dominando as grandes telas em reality shows, filmes, séries
e até novelas. Essa migração marca uma nova etapa na trajetória de influenciadores digitais,
que não apenas dominam as plataformas online, mas agora expandem suas carreiras para
mídias e publicidades tradicionais.

Esse espaço foi perceptivelmente cedido em massa pela TV Globo, que traçou uma linha de
participações desse grupo em novelas, junto da criação de reality shows dedicados, como o
Estrelas da Casa.

Mas será que o fato de incluir significa que traz resultados?

Migrando para as grandes telas

Um dos primeiros exemplos desse fenômeno ocorreu com criadores do YouTube sendo
convidados para atuar em filmes e séries. Um caso emblemático foi o da influenciadora Kéfera
Buchmann, uma das pioneiras no YouTube brasileiro, que estrelou o filme "É Fada!" (2016),
que arrecadou 15 milhões de reais com 1 milhão de espectadores apenas na primeira semana,
e a novela "Espelho da Vida" (2018) na Globo, que terminou com a média de audiência mais
baixa do que o esperado.

Outro exemplo recente é o do criador de conteúdo Whindersson Nunes, que começou no
YouTube e se tornou um dos comediantes mais famosos do Brasil. Ele não só protagonizou
especiais de comédia em plataformas de streaming como também fez participações em filmes
e produziu seu próprio longa-metragem, "Os Parças" (2017), que foi o 4° filme mais assistido
no Brasil naquele ano.

Reality shows: uma plataforma estratégica

O boom atual é a participação de influenciadores em reality shows. Programas como "De
Férias com o Ex" e "Big Brother Brasil" têm incorporado criadores digitais em seus elencos.
Esses programas permitem que os creators tragam suas audiências digitais para a TV, ao
mesmo tempo em que conquistam novos públicos que ainda não os conheciam.

Além disso, a interação constante com o público em tempo real por meio das redes sociais gera
uma sinergia entre os dois mundos, maximizando a exposição de ambas as mídias.
No BBB 21, a influenciadora Camilla de Lucas levou sua audiência do Instagram e do
YouTube para o programa e, após o reality, teve um salto em sua carreira, inclusive com
participações em campanhas publicitárias e séries.

Já em 2024, os confinados na casa mais vigiada no Brasil tiveram contratos assinados com a
emissora e alguns levaram a melhor depois do programa. Bia do Brás protagonizou diversas
ações de grandes marcas, como a Casas Bahia e Ifood, e um papel na novela “Família é
Tudo”.

Fernanda Bande e Pitel ganharam espaço juntas no Multishow com o “Na cama com
Pitanda”, e Fernanda comandou seu segundo programa, "De lado com a loba", durante os
dias Rock in Rio.

Ainda nesse contexto, uma versão do Shark Tank na versão creators foi lançada pela Sony
Pictures Television em parceria com o Youtube. Apoiado por marcas como Cielo e
Volkswagen, o propósito é que cada episódio seja apresentado por uma marca patrocinadora e
aborde um tema baseado em pilares de ESG (governança ambiental, social e corporativa).

Os participantes desenvolvem projetos relacionados ao tema e competem pelo patrocínio da
marca (R$200 mil).

Razões para a migração: audiência e monetização

Essa migração dos criadores de conteúdo para as grandes telas está ligada a várias razões.
Primariamente é preciso entender que, com a evolução das redes e cada vez mais espectadores
consumindo conteúdo, a comunicação unilateral precisava acabar.

Com streamings e diversas plataformas de vídeo a comunicação passou a ser multilateral. É
um complemento. Murilo Henare, CEO da Banca Digital ressalta:

“O segredo é a cocriação. Essa cocriação com a TV, que sempre vai ser um meio muito
grande de se espalhar a notícia, de reverberar as coisas e fazer awareness, essa soma é o que
tem sido assertivo para o meio digital. Quando a marca consegue entender tudo como um
grande leque, com começo, meio e fim, com todas essas áreas, fica muito mais assertivo”

Conclusão

Os criadores de conteúdo estão se consolidando como figuras influentes não só nas redes
sociais, mas também nas grandes telas. Esse processo reflete uma tendência de maior
integração entre mídias digitais e tradicionais, impulsionada pela demanda por autenticidade
e conexões mais profundas com o público. Reality shows, filmes e séries estão se adaptando à
presença desses criadores, oferecendo novas oportunidades de crescimento e monetização. No
futuro, é esperado que a creators economy continue a evoluir, com uma presença cada vez mais
significativa dos influenciadores nas grandes telas, trazendo consigo novos formatos de
entretenimento e novas formas de engajamento.